A NATURAL MUTAÇÃO
É-me difícil calcular a insubmissão da tua alma quando naqueles dias em que vestes de volúvel inquietude, traças um rumo que não entendo. O teu rumo é minha teia pois há perguntas que gostaria de te fazer e há prenúncios de respostas que temo. Podíamos inventar uma ode marítima e fazer uma íntima navegação para lá de qualquer geografia, onde o anoitecer não fosse mais que uma ave poisada na sobretarde. Então, como sei que contigo me desperdiço, trato de me recolher ao húmus confortável da floresta, e como lagarta que enjeita a natural mutação, penetro na dulcificada letargia da sexta dimensão.
É que a mim mal me adapto, quanto mais a ti que te negas abandonar esse imprevisível reino onde governas, sem catavento e sem os deuses ancestrais do bom senso.