quarta-feira, 23 de agosto de 2017
MORDER A LÍNGUA (inédito)
MORDER A LÍNGUA
sei que o alvoroço lavra em ti
como chaga nefasta de um leproso.
porque não repousas o pensamento
no manto verde da aprazível calmaria?
amanhã o melro retomará o seu canto ancestral
mas o homem não desistirá de atiçar
os antigos ventos do ódio,
alimentando a sua persistente insanidade.
corta esses teus dedos de pensar
queima essa caneta de sofrer
que o mundo não pula nem descansa
nas lágrimas doridas de um menino
morde a língua,
morde a língua
e deixe que ela sangre
até cicatrizar
no longínquo ocaso da via láctea
nenhuma fé te pertence
segunda-feira, 14 de agosto de 2017
ESTE TEMPO QUE FOI
jamais soube de todas as ciladas
os sorrisos mal soletrados
as cores das gargalhadas escondidas
eu não soube desse tempo feliz
iluminando a metade dos dias
o vento nascente
que transportava alvoradas
e a nitidez das linha da palma da mão
nesse tempo que foi
havia crepúsculos sem fim.
no esconderijo da folha escrita
onde me acoito
não desisto da luz dos meus próprios dias.
hoje
como me perdoar a ingénua imagem
desse tempo antes do tempo?
jamais soube de todas as ciladas
os sorrisos mal soletrados
as cores das gargalhadas escondidas
eu não soube desse tempo feliz
iluminando a metade dos dias
o vento nascente
que transportava alvoradas
e a nitidez das linha da palma da mão
nesse tempo que foi
havia crepúsculos sem fim.
no esconderijo da folha escrita
onde me acoito
não desisto da luz dos meus próprios dias.
hoje
como me perdoar a ingénua imagem
desse tempo antes do tempo?
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