quarta-feira, 23 de agosto de 2017

MORDER A LÍNGUA (inédito)


MORDER A LÍNGUA

sei que o alvoroço lavra em ti
como chaga nefasta de um leproso.
porque não repousas o pensamento
no manto verde da aprazível calmaria?
amanhã o melro retomará o seu canto ancestral
mas o homem não desistirá de atiçar 
os antigos ventos do ódio,
alimentando a sua persistente insanidade.

corta esses teus dedos de pensar
queima essa caneta de sofrer
que o mundo não pula nem descansa
nas lágrimas doridas de um menino

morde a língua,
morde a língua
e deixe que ela sangre
até cicatrizar
no longínquo ocaso da via láctea

                                   nenhuma  fé te pertence

1 comentário:

  1. Dedos pouco escreventes... mas quando acordam dão à luz excelentes poemas como este. Parabéns.
    Caro amigo Orlando, vim aqui para te deixar os meus votos de um FELIZ NATAL e de um óptimo ano de 2018.
    Abraço.

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